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Linguagem em crianças neurotípicas e autistas

  • Foto do escritor: Joseb S. Roque
    Joseb S. Roque
  • 3 de fev.
  • 3 min de leitura

Atualizado: 10 de mar.



A linguagem é uma das mais essenciais habilidades do ser humano, permitindo que haja a nossa comunicação, expressão, pensamento e essencialmente a interação social. Entretanto, nem todos os indivíduos conseguem desenvolver a linguagem da mesma maneira e em mesmo ritmo. Certas crianças apresentam dificuldades ou diferenças no percurso de aquisição da linguagem, como é o caso de crianças com autismo.


O autismo é um transtorno do desenvolvimento que atinge entre outras coisas a capacidade de se comunicar eficientemente, se relacionar e comportar-se de forma adequada em diversos contextos. Umas das características que mais se tornam evidentes é o comprometimento que acomete a linguagem, tanto em aspecto verbal quanto no não verbal.


Mas como desenvolve-se a linguagem em crianças neurotípicas e nas crianças autistas? Quais os fatores que interferem nesse desenvolvimento? Quais seriam as semelhanças e diferenças entre estas dois grupos de infantes? Essas são algumas perguntas que impulsionaram a pesquisa de doutorado de Cibelle Albuquerque de La Higuera Amato, que foi defendida em 2006 na universidade de São Paulo.


A autora partiu do pressuposto de que a linguagem é uma atividade de cunho social, que envolve mais do que os aspectos estruturais, mas incluem aspectos funcionais e sociocognitivos. Os aspectos de cunho funcionais se referem às disposições comunicativas dos sujeitos, ou seja, aos objetivos que se tem ao fazer uso da linguagem.


Os aspectos sociocognitivos dizem das habilidades mentais que propiciam a compreensão das perspectivas e os estados mentais dos outros, isto é, a capacidade de se por no lugar do outro. Essas duas dimensões da linguagem estão conectadas e influenciam no seu processo de desenvolvimento. A autora propôs a realização de uma investigação que correlacionasse o perfil funcional da comunicação e o desempenho sociocognitivo em crianças neurotípicas e em crianças com o espectro do autismo, realizando uma comparação entre os grupos.


Para realizar isto, ela usou o método de pesquisa longitudinal que foi realizado da seguinte forma: 6 crianças (3 neurotípicas e 3 autistas), que foram observadas em momentos de interações com suas mães, durante um tempo de 18 meses. Usou-se também os dados de outros 30 indivíduos (20 neurotípicos e 19 autistas), com diferentes faixas etárias, que foram submetidos a testes padronizados de de avaliação da cognição social e da linguagem.

Analisou-se os dados coletados a partir de técnicas de estatísticas e qualitativas, procurando identificar os padrões de comunicação pré verbal e verbal das crianças, assim como de seus níveis de desempenho em tarefas que envolviam a compreensão de intenções, emoções, ironias e crenças. Foi considerado as variáveis sociodemográficas, educacionais e clínicas dos indivíduos, incluindo as características das interações mãe e filho.


Conclusão

O trabalho chegou a algumas conclusões importantes acerca do desenvolvimento da linguagem em crianças neurotípicas e crianças autistas. Observou-se que crianças neurotípicas apresentam um perfil funcional da comunicação, mais diversificado e complexo, tanto na fase pré verbal quanto na verbal. Estas apresentavam um desenvolvimento sociocognitivo superior, especificamente nas tarefas que exigem entendimento de estados mentais. Quanto mais variadas e sofisticadas as atenções comunicativas, melhor a sua capacidade de se por no lugar do outro.

A tese conclui que cada grupo apresentam formas diferentes de relacionar a linguagem com as habilidades cognitivas e sociais, e que o desenvolvimento de um aspecto está intimamente atrelado ao outro. Sugerindo que tais diferenças podem ser explicadas por fatores biológicos, ambientais e interacionais, que interferem na maneira como as crianças processam e interpretam os dados linguísticos e não linguísticos. Ela ressaltou a importância de considerar esses aspectos na avaliação e intervenção das crianças com transtornos do desenvolvimento da linguagem, como o autismo.


  • Bacharel em Psicologia pela Uninassau-JP, Pós graduado em Projeto e Desenvolvimento de Jogos Digitais pela Universidade Cruzeiro do Sul, Pós graduado em Psicanálise, Docência e Pesquisa para Área da Saúde, Docência do Ensino Superior e Tutoria em Educação à Distância pela Faculdade Dynamus de Campinas, Técnico de Enfermagem pela Escola Técnica de Enfermagem Rosa Mística, Palestrante e Escritor.

  • E-mail: josebroque@icloud.com

  • A reprodução parcial ou total desta produção sem autorização prévia ou créditos é expressamente proibida.


Referências


AMATO, C. A. L. H. Questões funcionais e sócio-cognitivas no desenvolvimento da linguagem em crianças normais e autistas. 2006. 284 f. Tese (Doutorado em Linguística e Semiótica Geral) - Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2006. Disponível em: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8139/tde-14052007-142236/. Acesso em: 18 ago. 2024.

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