Jogos Digitais: potencializando suas habilidades mentais
- Joseb S. Roque
- 4 de ago. de 2020
- 4 min de leitura
Atualizado: 9 de mar.

1. INTRODUÇÃO
Este resumo se propõe trazer uma explicação breve e direta de um artigo publicado na revista Scientific American Brasil, com o título original de O poder dos games para turbinar o cérebro. Os games se mostram cada vez mais populares em nossos lares, com isso se faz necessário entender quais as consequências do uso desse entretenimento no nosso dia a dia.
Aproximadamente a duas décadas os pesquisadores Daphine Bavelier e C. Shaw Green estudam os efeitos dos jogos digitais sobre o cérebro e como isso influencia na cognição do jogador assíduo. Estes estudos resultaram em conclusões um pouco inesperadas e é sobre isso que o texto a seguir irá falar. Como os jogos digitais podem potencializar as redes neurais e nos ajudar fora da tela.
2. COMO TUDO COMEÇOU
No final da década de 1990 a pesquisadora Daphine Bavelier conduzia um estudo sobre a possibilidade do cérebro adulto desenvolver novos neurônios ou recriar circuitos neurais como resposta a experiências novas, o que chamamos de neuroplasticidade. Um dos assistentes de seu laboratório, chamado C. Shaw Green testou em si mesmo as ferramentas do teste.
Para surpresa deles os resultados do teste computadorizados eram sempre a pontuação máxima. Green testou seus amigos e o resultado foi o mesmo do dele, já o de Bavelier foi o esperado, ou seja, se manteve na média. O que os amigos de Green e ele teriam em comum? Todos eles jogavam mais de 10hs semanais de Team Fortress Classic (TFC).
As pesquisas deles demonstraram que indivíduos, que jogam regularmente jogos de ação, apresentam uma capacidade maior de concentração em detalhes visuais, maior sensibilidade a contrastes visuais e capacidade de girar objetos mentalmente. A execução de multitarefas, também é potencializada.
Há ainda, um aumento na capacidade de reagir rapidamente a eventos repentinos, tomadas de decisões mais rápidas e corretas quando está sob pressão. Foi observado que cirurgiões com hábitos de jogarem jogos de ação, demonstravam maior precisão e desempenho, além de menor tempo para realizarem cirurgias.
3. ESTIMULANDO A COGNIÇÃO
O estereótipo de impulsivos e distraídos que jogadores assíduos de jogos como Call of Duty, Grand Theft Auto (GTA) entre outros jogos de ação, vem se mostrando incorreto. Os jogadores desse estilo precisam alternar entre concentração para buscar inimigos e a monitoria do cenário, isto é, alternam entre atenção concentrada e atenção distribuída.
Regiões espalhadas e distantes entre si no contexto cerebral, que são responsáveis por regular a atenção demonstram em varreduras cerebrais, que elas mudam suas atividades de maneira mais acentuada. Jogadores demonstram mais intensidade nessas atividades do que aqueles, que não jogam. Às regiões beneficiadas por essa prática são: córtex pré-frontal dorsolateral, que ajuda a manter a atenção; córtex parietal, que é responsável por mudar o foco entre alvos variados; córtex cingulado, que é responsável por monitorar o comportamento.
4. AINDA MAIS RÁPIDO
Para os psicólogos uma medida chave para o funcionamento cognitivo é a velocidade na qual a informação consegue ser processada. Os jogos de ação potencializam esse processo, o jogador tem que escolher e identificar quem é o inimigo, amigo, qual arma usar, onde mirar e disparar. Um controle mais eficiente da atenção tem efeito cascata sobre os diversas formas de processamento mental.
Garantindo que o cérebro colete diferentes informações auditivas e visuais de forma efetiva, além de eliminar as partes que levam a distração. Um nível alto de processamento cognitivo melhora e facilita a adaptação a novas situações e potencializa a aprendizagem.
Jogos de RPG e Estratégia em Tempo Real, também demonstram ganhos cognitivos iguais. Curiosamente os os jogos vendidos como de treinamento mental, não correspondem ao que se propõem, não ajudam a pessoas com déficits cognitivos e nem quem deseja melhorar os processos mentais. A curva de aprendizado dos jogos e o sentimento de recompensa ao conseguir dominar uma habilidade, terminar uma fase ou finalizar o jogo, leva a um aprendizado com diversão, que é um pré requisito essencial da pedagogia, muitas vezes ignorado.
O prazer vindo do sentimento de recompensa nos jogos surge em diversos níveis e momentos, podendo se apresentar em segundos ao se derrotar um inimigo, em minutos/horas quando se termina uma missão ou fase, dias ou meses quando se finaliza o jogo. Em todos esses níveis o jogador cria e aprende estratégias, a curto ou longo prazo. Essa aprendizagem sai dos jogos para vida real em diferentes situações do cotidiano.
Bacharel em Psicologia pela Uninassau-JP, Pós graduado em Projeto e Desenvolvimento de Jogos Digitais pela Universidade Cruzeiro do Sul, Pós graduado em Psicanálise, Docência e Pesquisa para Área da Saúde, Docência do Ensino Superior e Tutoria em Educação à Distância pela Faculdade Dynamus de Campinas, Técnico de Enfermagem pela Escola Técnica de Enfermagem Rosa Mística, Palestrante e Escritor.
E-mail: josebroque@icloud.com
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5. REFERÊNCIA
BAVELIER, D.; GREEN, C. S. O poder dos games para turbinar o cérebro. Scientific American Brasil, n 169, p. 30-35, ago. 2016.
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