Suicídio e o ambiente escolar
- Joseb S. Roque
- 27 de jul. de 2020
- 3 min de leitura
Atualizado: 9 de mar.

O suicídio em idade escolar sempre é algo que nos angustia e sucinta tentativas de entendimento do porquê alguém tão jovem tiraria sua própria vida. Segundo o Ministério da Saúde (MS) o suicídio é a 4ª causa de morte na faixa etária entre 15 e 29 anos. Ainda segundo o MS, 80% das vítimas são homens e as mulheres são maioria nas tentativas. Cerca de 60,4% das vítimas são viúvas, solteiros e divorciados.
Com estes dados podemos conjecturar que há uma correlação entre o sentimento de solidão e a possibilidade de suicídio. O período da adolescência é marcado pela transição entre a infância e fase adulta, porém durante este período vários tipos de sentimentos eclodem com a explosão de hormônios, um destes é o sentimento de estar deslocado socialmente e ideologicamente. A busca por um lugar nos grupos de interesse e as fortes cobranças dos diversos ambientes sociais em que @ adolescente vive, gera angústia, raiva, ansiedade, frustração e tantos outros sentimentos incluindo a solidão.
Hoje em dia com as redes sociais mais do que nunca, vem se criando padrões de vidas em excesso, ou seja, há diferentes modelos indicativos de “felicidade” e “sucesso”. A ditadura da beleza que já era presente nas mídias da televisão e revistas, se dissemina como um vírus em meio ao público jovem. A urgência de obter sucesso devido ao que é visto em perfis sociais “perfeitos”, faz nascer um surto de perfis adolescentes ostentando vidas irreais, que mascaram a dor do vazio de existir. A ditadura da vida perfeita e feliz gera uma enxurrada de postagens com textos indicando felicidade e estados de espíritos não condizentes com a vida real das pessoas, gerando uma necessidade de fabular uma existência totalmente paradoxal com a realidade.
Além destes fatores, podemos também incluir o modo de criação dos pais, que cada vez mais vem super protegendo e trocando a presença afetiva por objetos materiais como uma forma compensatória devido a ausência afetiva. Assim, estabelecendo uma falsa realidade, levando com que, não saibam lidar com as frustrações da vida. Isso potencializa sentimentos de ansiedade frente aos desejos que necessitam de uma resolução imediata. Estamos criando indivíduos cada vez menos resilientes, com alto nível de frustração e despreparados para enfrentar as intempéries da vida.
Alguns dos sinais que podem surgir e devem ser observados pelos pais, colegas e educadores são: isolamento social, descuido com a higiene pessoal e aparência, comportamentos agressivos, pensamentos negativos e de desesperança, decaídas no rendimento escolar e picos de mania. Deve-se observar o discurso, pois através dele é demonstrado o pedido de ajuda (muitas vezes bem sutil), mas podem também aparecer as possíveis causas (quando sinaliza abusos de professores, colegas, parentes etc).
A problemática é preocupante, cada dia mais casos de depressão e tentativas de suicídio são relatados entre @s jovens nas escolas. Esse é um desafio que deve ser enfrentado por professores, psicopedagogos, pedagogos, psicólogos e a sociedade como um todo. Precisamos criar estratégias de intervenção, conscientização da problemática e seus determinantes, além de formas de valorização da vida, mas para isso necessitamos da ajuda e comprometimento de todos.
Bacharel em Psicologia pela Uninassau-JP, Pós graduado em Projeto e Desenvolvimento de Jogos Digitais pela Universidade Cruzeiro do Sul, Pós graduado em Psicanálise, Docência e Pesquisa para Área da Saúde, Docência do Ensino Superior e Tutoria em Educação à Distância pela Faculdade Dynamus de Campinas, Técnico de Enfermagem pela Escola Técnica de Enfermagem Rosa Mística, Palestrante e Escritor.
E-mail: josebroque@icloud.com
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VIEIRA, M. S. Mortos nos corredores. Conhecimento Prático Língua Portuguesa, ed.72. São Paulo: Escala, p. 58-63, ago/set, 2018. ________________________________________
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Excelente texto! Muito importante de ser discutido.